Dave Lowe

Todos os dias, nós exercitamos a fé. 99% de todas as crenças ou princípios que temos são sustentados por ela. A fé é um elemento central de tudo na vida.
Por exemplo, suponhamos que uma pessoa fica doente. Ela vai a um médico cujo nome não consegue pronunciar, e cujos diplomas nunca verificou. O médico dá-lhe uma receita que ela não consegue ler. De seguida, leva a receita a um farmacêutico que não conhece pessoalmente, e ele dá-lhe um composto químico que ela não sabe exatamente o que faz. Então, essa pessoa vai para sua casa e toma os comprimidos de acordo com as instruções na embalagem. Durante todo esse tempo, ela está, em sincera fé, confiando.
A fé é também um elemento básico da vida cristã. A palavra fé aparece 232 vezes na Bíblia.
O que é fé?
Antes de tudo, é melhor começar a explicar o que não é fé.
Fé não é uma emoção, isto é, um sentimento bom em relação a Deus.
Fé não é dar um salto no escuro, apesar dos factos.
Fé não é uma força universal que tu possuis e controlas e que te permite conseguir as coisas que tu queres na vida (como a “força” em Star Wars: “Luke usa a força!”)
Infelizmente, estes conceitos de fé são ensinados até mesmo em algumas igrejas nos dias de hoje.
Hask Haanegraff, no seu livro "Cristianismo em Crise" conta a história de Larry e Lucky Parker, que recusaram-se a dar insulina ao seu filho diabético, porque lhes fora dito que se eles apenas tivessem fé (se eles apenas usassem a “força”), então o filho deles seria curado. Tragicamente, o miúdo entrou em coma diabético e faleceu. E em vez de realizarem o funeral, eles fizeram um culto de ressurreição, crendo que se tivessem fé o suficiente, ou seja, se dissessem as coisas certas e simplesmente cressem com muita firmeza e não mostrassem nenhum sinal de dúvida, então a força da fé traria o filho deles de volta à vida. Larry e Lucky Parker foram, posteriormente, julgados e condenados por homicídio culposo e abuso infantil. Porquê? Porque tinham a ideia errada de fé.
Os Evangelhos no Novo Testamento (Mateus, Marcos, Lucas e João) mostram que os discípulos também estavam confusos a respeito do que era fé. No entanto, eles foram sábios o suficiente para perguntar a Jesus sobre isso. Em Lucas, capítulo 17, podemos observá-los pedindo a Jesus para aumentar-lhes a fé. E esta foi a resposta de Jesus a eles:
“Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira: Desarraiga-te daqui, e planta-te no mar; e ela vos obedeceria.”
A resposta de Jesus é interessante. Observa que Jesus não diz algumas das coisas que estamos acostumados a dizer na igreja. Jesus não disse: “Tu só precisas de esforçar-te mais”. Ele também não disse: “Tu só precisas de acreditar.” A resposta de Jesus revela uma verdade importante sobre a natureza da fé. A semente de mostarda é a menor das sementes. Jesus usou esse facto para ilustrar que o tamanho da fé não é importante. Ao contrário, o poder dela está na confiabilidade do objeto que é o seu alvo, não em quanta confiança a pessoa pode ter.
Deixa-me ilustrar o que quero dizer. Imagina que eu esteja na beira de um lago, durante as primeiras semanas de inverno no noroeste dos Estados Unidos. A superfície do lago está congelada, há uma camada bem fina de gelo. Cheio de fé e confiança, dou o primeiro passo para andar sobre a recém-formada camada de gelo. Enquanto o gelo for fino e frágil, não importa quanta fé eu tenha, ele não é confiável.
Agora imagina que passaram-se alguns meses, depois do inverno gélido se estabelecer. Eu estou na beira do lago e a camada de gelo agora tem cerca de um metro de espessura. Mas, por causa da minha experiência passada, procedo com extrema cautela enquanto decido andar sobre o gelo. Não tenho a certeza de que o gelo suportará o meu peso. Afinal, não suportou antes. Embora eu esteja com medo e tenha “menos fé” do que tinha antes, o menor passo dado com hesitação será recompensado com a percepção de pisar sobre uma superfície sólida. Qual é a diferença? O objeto alvo da fé é mais confiável.
É verdade que o poder da fé está na confiabilidade do objeto em que se coloca a fé. Porém... a intensidade da fé que se pode colocar num objeto é diretamente proporcional ao conhecimento que se tem desse objeto.
Considera um homem que tem um medo terrível de voar. Antes de viajar, ele não deixa de comprar um seguro-viagem. Ele coloca o cinto de segurança vinte minutos antes da decolagem, e certifica-se de ouvir com muita atenção as “instruções de segurança” de rotina. Ele não tem fé alguma na capacidade do avião em levá-lo ao seu destino. Mas, no decorrer da viagem, a atitude do passageiro começa a mudar. Primeiro, ele tira o cinto de segurança, depois faz uma refeição... Não demora muito, ele começa a conversar descontraidamente com o passageiro ao seu lado. Porquê a mudança? O que aconteceu? Existe mais fé a 11 mil metros de altitude? Quanto mais ele aprendeu sobre o objeto da sua fé, o avião, mais fé o homem colocou nele.
Assim também acontece na vida cristã. Quanto mais conhecemos o Senhor, mais fé poderemos colocar nele. Aprende a viver tendo como base os factos da Palavra de Deus, e não as tuas emoções. Passa tempo a ler a Bíblia, apenas observando, pedindo a Deus que revele mais sobre quem Ele é. Há vários textos por onde tu podes começar. Salmo 145, 146 e 147 são três capítulos maravilhosos que descrevem quem Deus é. Ao ler a Bíblia, pede a Deus para ensinar-te mais sobre Ele mesmo e nota especificamente como Deus quer que tu confies nele. Em qualquer situação, pergunta a Deus: “Que facto sobre a Tua Pessoa seria útil saber, enquanto confio em Ti nesta situação?” Usa a Bíblia, torna-te um estudante de Deus, e aprende mais sobre este relacionamento com Ele.
D.L Moody, uma vez, disse: “Eu costumava orar diariamente ao Senhor, para que me desse fé. Então, um dia, eu li o texto de Romanos 10:17 que diz que ‘a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus’. Assim, comecei a ler a minha Bíblia e a minha fé tem crescido desde então”.
* Leitura recomendada: