Rick James

Como manter a intimidade com Deus
No início do relacionamento com Cristo, é comum passarmos por uma fase de lua de mel. O nosso relacionamento, a nossa amizade com Deus foi reparada; os nossos pecados, perdoados.
Tudo é tão bom. E é mesmo muito bom!
Mas num mundo caído, bom não é perfeito. E não demora muito para a lua de mel acabar. E de repente estamos a levar uma grande bagagem para o nosso relacionamento com Cristo.
Deus deu-nos um novo coração, nova motivação, nova direção. Mas o eu antigo não saiu de casa, ele ficou escondido lá na garagem.
C. S. Lewis disse: “Só se sabe a força do vento ao tentar vencê-lo.” Lewis quis dizer que só se sabe a força do pecado quando se tenta impedi-lo. Então é agora, como cristãos que tentam andar com Deus, que lutamos pela primeira vez com o pecado e a culpa.
Logo que me tornei cristão, a primeira coisa que vi que precisava de mudar era a minha linguagem. Eu falava muitos palavrões. Não conseguia dizer uma frase sem um palavrão. Foi no meu primeiro estudo bíblico que percebi que ninguém estava a usar as minhas palavras preferidas. Então vi que eu precisava de mudar. E... eu mudei. Consegui lavar muito bem a minha boca com sabão.
Mas vê, aqui está a ilusão. Todos podem mudar um mau hábito. Todos podem fazer uma resolução de ano novo. Por exemplo: Eu posso abrandar a velocidade do meu carro, mas mudar a violência no trânsito, a raiva, a impaciência... Essas são questões mais profundas. E então nos pegamos, ao crescermos em santidade, refletindo nessas coisas. E descobrimos que muito do que fazemos é apenas comportamento, e que há pecado escondido por baixo. Nesse ponto notamos que não temos o controlo. Nesse ponto sabemos que não dá para mudarmos sozinhos. Mas isso não nos impede de tentar.
Acho que todos nós usamos as mesmas estratégias para lidar ou... encobrir o nosso pecado. Mas primeiro, como reação inicial, apenas tentamos mais. Nós... fazemos de tudo e nos esforçamos mais. E quando isso não dá em nada, nós apenas... cercamos a nossa força de vontade com votos e promessas: “Nunca mais farei isto. Nunca mais farei aquilo.” E depois, fazemos de novo.
E para manter a cabeça fora da água, tentamos racionalizar ou negar. E acho que a mentalidade destorcida aqui é: Se não foi oficialmente pecado, se não foi tecnicamente pecado, não é pecado. Ou se alguém induziu-me a pecar, então... então não é pecado.
Bem, isto nem sempre funciona e então recorremos a uma forma de autopunição. Quem precisa que Jesus morra na cruz, se podemos nos crucificar? Então puxamos a nossa orelha: “Idiota, por que fizeste isso?” Acho que de algum modo sentimos que podemos pagar o preço pelos nossos pecados.
Bem, nesse momento, toda alegria, toda vitalidade foi sugada da vida cristã. A vida com Deus não passa de gerenciamento de pecado. É apenas algo mecânico. Mas em João 10:10, Jesus disse: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância.” A vida cristã plena realmente existe.
Agora como cristãos, a confissão é a provisão de Deus para o nosso pecado.
Há três componentes na confissão. O primeiro é o mais difícil. Não porque é muito difícil, mas porque nos é estranho. A nossa atitude, quando pecamos ou somos convencidos de um pecado, precisa ser parar... e concordar com Deus que o que fizemos é pecado. Em 1 João 1:9 diz assim: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça.” Segundo, concordamos que: O que Jesus fez na cruz, pagou o preço por esse pecado. E terceiro, concordamos em abandonar esse pecado e voltar para Deus (isto é arrependimento).
Se pensares como foi o processo para tu aceitares a Cristo, num certo momento, tu percebeste que tinhas problemas com o pecado. Por exemplo: Eu estou a pescar, e a minha mente começa a vagar. E digamos que o meu olhar pára ali, naquela mulher com um fato de banho que mal cobre o corpo. Então, nalgum momento eu convenço-me do meu pecado, de que eu cobicei.
Agora tenho várias opções. Posso racionalizar: “Oh, eu sou homem. Que posso fazer?” Posso dar uma desculpa: “Oh, não cometi adultério nem nada.” Posso culpá-la: “O que ela está a fazer aqui vestida assim?” Ou... ou posso confessar. Posso concordar com Deus que o que fiz é pecado: “Senhor Jesus, eu cobicei no meu coração e na minha mente. Perdoa-me.” Eu concordo que Cristo pagou o preço por esse pecado: “Senhor, obrigado por pagares o preço por mim.” E concordo em não pecar: “Senhor, eu não quero cobiçar, quero viver uma vida pura e santa.” Este é o processo de confissão. Fazemos diariamente, de hora em hora, todas as vezes que pecamos.
Agora que confessamos o pecado, fomos purificados e a nossa amizade com Deus foi reparada. E essa é uma sensação incrível, não é? Respira este ar livre. É absolutamente maravilhoso! Mas ainda há um porém, e é este: Como faremos para parar de cair no mesmo pecado vez após vez, após vez?
Acho que como cristãos sabemos que temos a vida eterna, e que fomos perdoados. Mas muitas vezes esquecemos que o Espírito de Deus está em nós, e que não fomos deixados sozinhos para seguir Jesus com as nossas próprias forças. O Espírito de Deus em nós, deseja nos liderar, orientar e capacitar, para nos motivar. De facto, em Efésios 5:18, Deus dá-nos esta ordem: “Enchei-vos do Espírito”.
Agora, é uma parceria. Temos uma parte nisso. A parte de Deus é liderar, orientar e capacitar. A nossa tem duas etapas.
Primeiro, precisamos permanecer. Permanecer é uma palavra que Jesus usa e significa literalmente “faz de mim a tua casa”. A nossa responsabilidade é fazer de Jesus a nossa casa o dia todo. Ou seja, ter intimidade com Ele o quanto pudermos durante o dia. Assim não oramos só uma vez ao dia, mas oramos o dia todo. Ou seja, sempre que virmos algo, agradecemos a Ele. Agradecemos o dia inteiro, louvando a Deus ao longo do dia. Sempre que percebermos algo e quisermos louvá-Lo por isso, nós o louvamos. E confessamos o pecado, sempre que pecarmos e sentirmos o Espírito Santo a convencer-nos. Quando agradecemos, e louvamos, e confessamos, e oramos, temos intimidade com Deus o dia todo. Nós permanecemos Nele. E como resultado, o Espírito tem total liberdade para nos capacitar e influenciar.
Em segundo, é dependência. Observa as pessoas que andam sempre com as suas garrafas de água ou copos de café... Durante o dia, todas as vezes que sentem uma necessidade, elas tomam um gole. É um tipo de mecanismo de dependência. Se sentem solidão, tomam um gole. Se sentem... medo, tomam um gole. Se precisam pensar, tomam um gole. Sempre que sentem uma necessidade, como uma sede nas suas vidas, elas tomam um gole.
O significado de viver pelo Espírito é colocar essa dependência em Deus. Assim, durante o dia, sempre que for preciso: “Pai, dá-me sabedoria. Pai, fortalece-me.” “Pai, não sei o que fazer. Pai, orienta-me.” Ao fazermos estas duas coisas ao longo do dia, confiando em Deus o dia todo, permanecendo em Cristo, ficando tão íntimos Dele quanto pudermos... Ao fazermos estas coisas, o Espírito de Deus tem liberdade para nos liderar, guiar e capacitar.
Falamos muitas coisas e quero que tu consigas lembrar-te de tudo. Então, pensa nesta metáfora. Pensa na respiração. Apenas na respiração. Expirar é como confessar. Expelir o ar mau. Lembra, confessar envolve três coisas: tu concordas com Deus sobre o teu pecado; tu concordas que Cristo pagou o preço desse pecado; e concordas em deixar esse pecado, em arrependimento. Isto é expirar. Tu expeles o ar mau. Inspirar é, na verdade, te apropriares do poder do Espírito de Deus. Ou seja, tu dependes do Espírito para liderar e guiar a tua vida. Mas tu não dependes apenas... tu confias, crendo que Deus vai fazer isso. Ele manda sermos cheios do Espírito, então podemos confiar Nele.
Assim, quando inspiramos, estamos a dizer: “Senhor, enche-me, capacita-me, orienta-me. Eu confio que Tu farás isso.” Então nós inspiramos e expiramos. Nós confessamos e confiamos no Espírito de Deus. E como respirar não se faz só uma vez por dia, mas o dia todo, confessar é assim... o dia inteiro, inspirando e expirando. Sempre que houver pecado, sempre que acontecer algo que de alguma forma afasta-nos do Senhor, expiramos, confessando... e inspiramos, confiando no Espírito para nos liderar e guiar.
Agora, no início pode parecer meio estranho, mas acredita, em pouco tempo será tão natural quanto... respirar.
Deus criou-nos para uma vida diferente. Uma vida livre do poder do pecado e cheia de intimidade com Ele. É uma vida melhor do que a mente humana é capaz de imaginar.
Mas agora imagina isto: Imagina alguém tentar fazer mergulho no mar com a botija de ar vazia; ficar submerso debaixo de toda aquela água sem poder alcançar a fonte de oxigénio...
Por isso, é vital buscar o poder do Espírito com a respiração espiritual. Sem Ele, não temos os recursos espirituais para a vida cristã. O peso dos nossos pecados e limitações humanas sufoca-nos, esmaga-nos e não podemos suportar. Mas aquele que o Espírito Santo capacita, será por Ele levado a novos lugares que nem sabíamos que existiam.
Nós só precisamos de respirar!
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